“Perdi o bilhete. Acho que joguei fora, embolei. Não lembro onde que coloquei”, conta.
Imagine estar na mesma situação da Griselda da novela ‘Fina Estampa’? A
vida inteira apostando nos mesmos números na loteria e, quando eles são
sorteados... Cadê o bilhete?
Se essa história da novela vai ter final feliz,não se sabe. Mas e
quando esses casos acontecem na vida real? E eles acontecem. Em Belo
Horizonte, por exemplo, o gerente de uma casa de carnes, Ivanil
Espíndola, sempre jogava nos mesmos números, até que um dia ele acertou
os cinco números. E aí o que aconteceu? “Perdi o bilhete. Acho que joguei fora, embolei. Não lembro onde
que coloquei”, conta. Isso aconteceu 17 anos atrás, no Natal de 1994.
“Eu olhei e vi cinco ganhadores e R$ 161 mil para cada um. Pensei assim:
‘Não estou rico, mas pelo menos vou tirar meu pé do atoleiro’. Mas
quando eu cheguei na loja, em casa, para ver se eu achava o bilhete, não
consegui encontrar. O gerente da Caixa falou: ‘Não tenho condição de te
pagar. Só posso pagar com o bilhete. Sem o bilhete não tem jeito’. Caí
em desespero”, lembra. Foram 12 anos lutando na Justiça. E quem disse que o Ivanil aguentou
esperar? “Eu achei que eu ia receber rápido, torrei um pouco do
dinheiro. Gastei em coisas bobas mesmo, roupas mais bonitas, pizzaria.
Ai eu fali”, conta.
Pois é, o Ivanil, que era empresário, dono do próprio açougue,
depois de ganhar na loteria, teve que virar empregado. A Justiça tardou,
mas pagou. Quatro anos atrás, ele conseguiu provar que era o ganhador
mostrando várias apostas antigas feitas sempre na mesma lotérica e
sempre com os mesmos números.
“Na época, ganhei R$ 342 mil, me parece, em 2007. Mas aí tive o
custo com advogado, uma parte para a minha ex-esposa, muita dívida para
pagar. Para mim, só sobrou a força do meu trabalho”, diz Ivanil.
O comerciante Cleber Garcia, do Rio Grande do Sul, até que foi
cuidadoso com o seu bilhete premiado. Mas cuidadoso demais: “O bilhete
estava amassado, então eu coloquei o ferro de passar roupas por trás, só
que eu não sabia que o bilhete ficava preto. Eu passei o ferro para
ficar lisinho o bilhete e no final fiquei com um bilhete preto. Eu fui
na Caixa, o gerente riu da minha cara”, se diverte Cleber.
Por sorte, ele não precisou recorrer à Justiça. Uma auditoria da
Caixa resolveu o problema: “Atrás do bilhete tinha a numeração, que
comprovava que o bilhete tinha sido feito no mesmo dia e na mesma hora
que eu falei”, conta.
Mesmo com o bilhete queimado, Cleber ganhou R$ 25 mil. Foi
difícil, mas Ivanil e Cleber receberam seus prêmios. Mas e aqueles que
ganham e nem ficam sabendo?
“Eu não confiro. Eu jogo sem fé”, brinca a cozinheira Leozina Cardoso. Segundo a Caixa Econômica Federal, muitos apostadores ganham,
mas não aparecem para receber. Para se ter uma ideia, nos últimos 12
meses o valor de prêmios não resgatados é de R$ 233,5 milhões.
Provavelmente, em muitos casos, são pessoas que fazem as suas apostas,
mas esquecem de conferir o resultado. Será que isso poderia acontecer
com você?
É bom ficar atento e tomar alguns cuidados: “O ideal é que o
apostador guarde o bilhete em um local seguro, que só ele tenha acesso.
Que ele evite ao calor excessivo, água, óleo, amassados, queimados, para
que o bilhete conserve suas características originais”, explica o
gerente de loterias da Caixa Econômica Federal, Edilson Carrogi.
Além dos números apostados, devem estar visíveis também a data e
a hora da aposta, o número do concurso e o número do bilhete no verso. E
se você ganhar e não buscar o seu dinheiro em 90 dias, os prêmios vão
para um fundo do Ministério da Educação que financia bolsas de estudos
para alunos do Ensino Superior.
É bom lembrar também que seguir a estratégia do Ivanil, do
Cleber e da Griselda, da novela, de jogar sempre os mesmos números, não é
garantia de mais sorte: “A probabilidade é sempre a mesma, porque os
sorteios são absolutamente independentes entre si. Então, se ele joga
sempre com os mesmos números ou com números diferentes, a probabilidade
de ganhar é a mesma”, explica Edilson Carrogi.
“Eu continuo jogando nos mesmos números, quem sabe um dia a sorte não sorri para mim de novo?”, diz Ivanil Espínola.
Fonte:G1.com
0 Comentários